Crônica: "A Loja Esotérica e o Baralho de asa "
- Ias d' Iansã

- 4 de jul.
- 2 min de leitura
A vida de médium não é fácil, não tem refresco, não tem "férias astrais", e pior: tenho quase certeza que as entidades têm um grupo no Zap só pra falar mal da gente. Uns cochicham, outros xingam na cara, e tem aqueles que preferem métodos mais... interativos de comunicação.
Mas vamos ao causo.
Sempre tive um fascínio por tarot — e sim, essa informação é relevante, segura aí. Um belo dia, resolvi dar uma passadinha numa loja de artigos esotéricos, achando que seria uma comprinha tranquila. Spoiler: não foi.
Mal pisei lá dentro, começou o festival de absurdos:
- Vozes (que só eu ouvia) comentando: "Tal erva tá na sua cara, moça!" ou "Como pode ser tão cega?" (Obrigada, espíritos críticos de plantão).
- Sachês de ervas caindo do nada na minha cabeça, como se estivessem em promoção: "Leve três, pague uma crise existencial!"
- E o clássico: a loja vazia, mas com a sensação de que eu estava no meio de um pico de almas no metrô espiritual.
Juro que, por mais que a gente se acostume, sempre tem um susto novo. Achei que o ápice do caos tinha passado, até que cheguei no caixa, aliviada por ter sobrevivido. Foi quando, do nada, me veio na mente a imagem de um baralho de tarot muito específico. "Ah, deve ser só mais uma das minhas viagens", pensei.
Só que o universo — ou a dona do baralho, que até então me chamava de "menina cega" com um carinho digno de reality show — decidiu que pensar no baralho não era o suficiente.
*PLAF.*
O tal baralho foi arremessado nas minhas costas, como se fosse um disco voador esotérico com missão divina.
Olhei pra trás, peguei o baralho do chão, e a moça do caixa, impassível, só disse: "Era pra você mesmo."
Conclusão: levei o tarot pra casa (óbvio), junto com a certeza de que, no mundo espiritual, até as agressões são entregues por encomenda.
E o pior? No fim das contas, o baralho era perfeito — porque, aparentemente, até os xingamentos vêm com propósito. Ou, como diria minha vó: "Filha, quando o espírito erra o tom, acerta o presente."




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